Em 150 anos, uma história gloriosa

Por Enio Squeff (publicado na “Folha de S. Paulo”, em 08 de junho de 1983)

 

Da excursão que a Filarmônica de Hamburgo fez a São Paulo em 1979, ficou um disco gravado ao vivo no Teatro Municipal com a sinfonia nº2, em ré Maior, de Brahms e a abertura “Egmont”, de Beethoven. É um belo testemunho de uma orquestra correta que se não está entre as cinco melhores do mundo, encontra-se, seguramente, entre as mais importantes da Europa.
Por aí se tem não apenas os possíveis preços que os cambistas tentarão obter dos que não tiveram acesso aos ingressos. A Filarmônica de Hamburgo, como todos os espetáculos de importância, demonstra, por outras vias, que na falta de emprego muitos estão arriscando instável profissão de cambista; e que, apesar da falta generalizada de dinheiro, sempre sobra algum para alguns poucos privilegiados. Mas não parece ser o único demonstrativo da eficiência musical desta orquestra que nos chega de novo regida pelo maestro Aldo Ceccato.
Em sua história de mais de 150 anos, a Filarmônica de Hamburgo parece ter experimentado muitas glórias: a de ter sido regida por Richard Strauss, Josef Keilberth, Eugen Jochum ou Furwangler é uma delas; a de ter acompanhado Clara Schumann no concerto para piano do famoso marido compositor desta senhora, dentre muitas, é outra. Não que sua história seja isenta de culpas.
Um dos preteridos para ocupar o posto do regente titular da sociedade Filarmônica de Hamburgo foi Johannes Brahms – talvez uma das cinco maiores glórias da música alemã, e o maior compositor que nasceu na cidade de Hamburgo. Não e um senão que a história deixou de registrar, embora sobrem opiniões de que Brahms não fosse grande regente. A este talvez se pudesse acrescentar não ser a Filarmônica de Hamburgo tão excelente quanto a Filarmônica de Berlim ou a Gewandhaus de Leipzig (que já nos visitou).